quarta-feira, 13 de junho de 2007

China Hoje 2

BBC Brasil

terça-feira, 12 de junho de 2007

CHINA HOJE


CCBB Rio apresenta a expo `China Hoje - Coleção Uli Sigg`

RIO DE JANEIRO, RJ - O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta China Hoje – Coleção Uli Sigg, a maior mostra de arte contemporânea chinesa já realizada no país. Todos os trabalhos fazem parte da Coleção Uli Sigg, a maior e mais importante coleção de arte contemporânea chinesa do mundo. O colecionador suíço Uli Sigg, 61 anos, virá ao Rio para a abertura da exposição para convidados, dia 14, e dará palestra aberta ao público no dia seguinte.

Esta é a primeira vez que a Coleção Sigg, uma referência na arte contemporânea mundial, vem para as Américas. Até hoje ela só havia sido vista na Europa. A mostra no CCBB Rio traz algumas obras inteiramente inéditas, que foram do ateliê do artista diretamente para a casa de Uli Sigg, em Lucerna, Suíça, e nunca estiveram expostas ao público. Exemplos disso são as pinturas de Li Dafang, Fang Lijun, Li Songsong, Jing Kewen, Chen Wenbo, e Zhou Tiehai.

A exposição China Hoje – Coleção Uli Sigg ocupa as três salas do segundo andar do CCBB-Rio, reunindo cerca de 60 trabalhos de 27 artistas. Dentre os artistas estão nomes que freqüentemente participam de bienais, como a de São Paulo e a de Veneza. Três deles, Li Dafang, Ai Weiwei e Lu Hao, foram selecionados este ano para a 12ª edição da Documenta de Kassel, na Alemanha – uma das mais importantes exposições de arte contemporânea do mundo, que acontece a cada cinco anos.

A curadoria da exposição é de Alfons Hug, que acompanha a arte contemporânea chinesa desde 1992 e que já em 1996 apresentou uma exposição de arte chinesa contemporânea em Berlim. Nas duas Bienais de São Paulo em que foi curador, em 2002 e 2004, foi apresentado ao público brasileiro um total de 12 artistas chineses, entre eles Xu Bing, Cai Guo-Qiang e Huang Yong Ping. Atualmente, Alfons Hug é o diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro, onde também trabalha como curador independente. A produção é da Artviva, coordenada por Ana Regina Carneiro.

China Hoje – Coleção Uli Sigg vai apresentar ainda uma obra singular. No espaço da rotunda do CCBB, que tem 32 metros de altura, estará dentro de uma caixa transparente sobre um pedestal um único grão de areia. Nele está gravado um texto com 125 caracteres, obra do artista Lu Hao, um dos expoentes da milenar arte chinesa da caligrafia. “A virtuosidade com que o artista explora o contraste entre uma reduzida dimensão física e um grande efeito estético é o maior atrativo deste trabalho”, observa o curador Alfons Hug.

O grão de areia poderá ser visto pelo público através de uma enorme lupa, ou a partir de sua imagem ampliada e projetada em um teto a cinco metros de altura. Circundando o pedestal estará o texto integral, contando a via crucis de um trabalhador rural que vai para Pequim, onde acaba sendo explorado por um dono de fábrica.

Melhores do Mundo
China Hoje – Coleção Uli Sigg apresenta trabalhos realizados nos últimos 10 anos, e prioriza a pintura e a fotografia. “Os pintores chineses estão entre os melhores do mundo, assim como os escultores. Eles têm muita sensibilidade na hora de lidar com os materiais”, afirma Alfons Hug. Ele observa que devido à ausência, por décadas, de mercado, e a conseqüente ausência de pressão para uma grande produção, os pintores se dedicavam calmamente, sem pressa, em seus ateliês, à pesquisa de pigmentos e à excelência técnica. Isso deu a eles uma mestria só comparável aos artistas da extinta Alemanha Oriental, que sofreram processo semelhante.

China Hoje – Coleção Uli Sigg terá um forte cunho poético, já que a política não é mais a principal preocupação atual dos artistas chineses contemporâneos. Mas uma referência a uma revisão da questão política poderá ser vista no vídeo “My vision archive” (2001), de Wang Jianwei – montado com filmes da revolução e óperas propagandísticas das décadas de sessenta e setenta – e na coleção de cartazes trabalhada por Shao Yinong & Muchen.

A mostra se articula em torno de cinco temas:
Imagem do ser humano e retrato
Artistas: Li Songsong, Fang Lijun, Li Dafang, Xu Wentao, Huang Yan, Qi Zhilong, Zhang Xiaogang, Zeng Fanzhi, Li Zhanyang

Vida urbana
Artistas: Miao Xiaochun, Fu Hong, Chen Wenbo, Jing Kewen, Yin Zhaoyang, Li Dafang

Paisagem
Artistas: Qiu Shihua, Shi Guorui, Liu Xiaodong, Yu Hong, Zhou Tiehai

Caligrafia moderna e tradição espiritual
Artistas: Lu Hao, Chen Zaiyen, Zheng Guogu, Ai Weiwei, Liu Wei,

Herança revolucionária.
Artistas: Wang Jianwei, Shao Yinong & Muchen

Processo Histórico
Já no começo da reforma política na China, depois do fim da era Mao Tse Tung, desenvolveu-se a partir de 1979 em pouco tempo um cenário artístico extremamente variado e dinâmico. Nos anos 1980, em particular, muitos artistas chineses tinham o firme propósito de mudar a sociedade com os seus trabalhos. Após os eventos de 1989, esta percepção deu lugar a uma profunda apatia, enquanto a maioria dos artistas deixou seus ideais de lado para centrar-se em sua própria individualidade e cotidiano, o que acabou sendo altamente produtivo. Por outro lado, o crescimento econômico chinês dos anos 1980 foi algo como um abalo sísmico ou uma falha geológica na vida de todos os chineses, principalmente os que viviam nas áreas urbanas, provocando profundas conseqüências na produção artística.

“A arte chinesa não é muito auto-referenciada. É muito mais uma arte que retrata as enormes transformações que a China vem atravessando, seja pela via da crítica social, seja no nível das sensibilidades humanas”, aponta Alfons. “Essas mudanças levaram os artistas chineses a escolherem seus próprios temas, o que acabou prenunciando a freqüente agressividade adotada pelos artistas”, completa. A busca por uma identidade chinesa que possa se contrapor ao domínio do Ocidente é algo que hoje ocupa uma posição de poder e renovada autoconsciência entre os chineses e que vai muito além da arte, em virtude das bem-sucedidas iniciativas da China no comércio e nos esportes, além de uma atitude mais calorosa em relação ao país no mundo ocidental.

Na China dos anos 1990, a situação era muito parecida com a da sociedade de consumo dos anos 1960 no Ocidente, mas essas questões são vistas por uma ótica puramente chinesa, tanto na análise como na emoção, e, portanto, o mesmo ponto de partida pode levar a soluções bem diferentes. “A arte tradicional chinesa e sua incrível variedade de símbolos, formas e relíquias oferecem uma vasta gama de recursos estilísticos aos artistas atuais, além de múltiplas oportunidades de expressar temas contemporâneos. O potencial inovador da arte contemporânea chinesa advém de todas essas fontes de referência”, explica Alfons.

A exposição China Hoje – Coleção Uli Sigg chega ao Rio de Janeiro em um momento em que a arte chinesa desperta grande interesse no mundo todo. “O interesse vem não só dos colecionadores estrangeiros, como dos colecionadores chineses, que começam a abrir espaço em suas coleções tradicionais para a arte contemporânea chinesa”, aponta Alfons Hug.

Em cada segmento da exposição é possível ver como os artistas se conectaram ao cenário artístico internacional. Hoje em dia, eles são verdadeiros virtuoses no emprego da mídia, das técnicas e dos meios de expressão desenvolvidos no Ocidente, mas em nenhum momento deixam de lado as raízes especificamente chinesas. A tradição pré-moderna e o realismo socialista, prescrito até fins da década de setenta pelo Partido Comunista, ainda são perceptíveis em muitos trabalhos. Isto leva os artistas chineses contemporâneos, por exemplo, a conceder à pintura figurativa um valor específico bem mais elevado que aquele a ela concedido pela arte ocidental.

Catálogo e Palestra
Por ocasião da exposição China Hoje – Coleção Uli Sigg vai ser publicado um catálogo, que além da reprodução de obras da exposição, trará uma entrevista com o colecionador Uli Sigg, ensaios do curador Alfons Hug, do artista chinês Ai Weiwei, e do crítico chinês Li Xianting.

Uma palestra com a presença do colecionador Uli Sigg e do curador Alfons Hug será aberta ao público, dia 15 de maio, em horário a ser definido.

Exposição: China Hoje – Coleção Uli Sigg
Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro
Abertura: 14 maio de maio de 2007, às 19h30
Visitação pública: 15 de maio a 15 de julho de 2007
Curadoria: Alfons Hug
Produção: Artviva
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Tel: 21 3808.2020
De terça a domingo das 10h às 21h
Entrada franca

Fonte: divulgação por e-mail